Sunday, March 12, 2006

Ter três anos de idade não é tarefa simples pra um menino, principalmente se isso significar ter que dividir a mãe que é só dele com uma porção de crianças no Day Care.
Nicholas faz suas vítimas. Um dia ele empurra, outro dia ele arremessa algo pra acertar alguém, fora o mau humor quando a coisa não sai do jeito dele.
Jenna é uma menina linda, que as crianças insistem em dizer ser parecida com a Dora, The Explorer.
Sabe lá por que, mas Jenna é a vítima preferida do jovem mancebo!
Vira e mexe Nicholas apronta uma pra ela.
Depois do castigo, de ouvir meu sermão, ele pede desculpas.
Ela abre um sorriso enorme, dá um abraço nele e diz:
- He is so cute!
Enfim...
Eu não poderia deixar de eternizar a amizade destes dois numa página de Scrapbooking.
Daqui a alguns anos espero estarmos achando graça desta história.
Além do mais, eu não poderia deixar passar a oportunidade de fazer uma página rosa, com flores e babadinhos já que os álbuns do Nicholas são álbuns de menino e eu tenho que fazer jus aos trens, bolas e outras encrencas das quais ele gosta.
Nessa eu pude colocar minhas frescurinhas!
Beijo, Jenna! Você é uma gracinha!!!

Thursday, March 09, 2006

What are you thinking?

Carta a Nicholas

Escrevi esta carta ao Nicholas já faz um tempinho… Porque mencionei o fato dele ser meu presente há uns dias, achei que seria legal compartilhar a carta com vocês!

Era fevereiro, sábado, dia quinze. Ano de 2003.
Aquela manhã em Watertown havia chegado trazendo ainda mais frio. Dentro de casa e dentro do coração estava tudo bem quentinho, mas o vento cortava do lado de fora.
Dr. Estrella tinha dito que havia chegado a hora e que, de um jeito ou de outro você sairia daqui de dentro. Acordamos, colocamos nossas coisas dentro do carro e fomos para o hospital. Os pés da mamãe não cabiam mais dentro dos sapatos e, apesar da neve, foram as pantufas pretas as únicas coisas que serviram. Paramos para tomar café num restaurante da Main Street e depois seguimos viagem. Durante o caminho a paisagem era branca e eu ia olhando pra neve e pensando em você, que logo estaria nos meus braços, como um presente, como um milagre!
O sábado foi longo e, apesar das tentativas, você não quis chegar. Acho que pensou melhor e resolveu aproveitar mais um pouquinho daquele aconchego, do seu cantinho, do seu mundinho. Com certeza estava apertado, mas você não se importou e ficou por mais um tempo.
Nós dormimos.
A nova manhã chegou e, apesar de não ter espantado o frio, trouxe um sol maravilhoso, brilhante, um céu azul e uma paisagem diferente da que havia na véspera. Resolvemos diminuir o seu conforto para ver se sua preguiça iria embora e você resolveria finalmente nascer. Mamãe trabalhou duro! Foram muitas horas, muitos remédios, a ajuda das enfermeiras e do papai.
Lá do Brasil o vovô e a vovó buscavam notícias pelo telefone, ansiosos, apreensivos. Tia Re também estava nervosa e queria saber o que estava acontecendo. A família daqui telefonava, todos estavam aflitos, querendo que você chegasse.
Como demoramos muito e não progredimos demais, mamãe perdeu as forças e tivemos que tirar você de outro jeito. A cirurgia foi tranqüila e, em poucos minutos, lá estava você, Nicholas, lindo, perfeito, grandão e com muita fome.
Era noite do dia 16 de fevereiro, domingo, e o relógio marcava sete horas e vinte e dois minutos.
Lá de fora a sua amiga Lua olhava tudo e, de certa forma, sorria. Ela sabia que há muitos anos a mamãe havia pedido pra todas as estrelas cadentes para me trazerem você. A Lua não quis saber da história contada pelas estrelas. Ela veio pessoalmente recebê-lo e, brilhante, certamente o abençoou, junto com os anjos e com Papai do Céu, que era quem verdadeiramente estava regendo toda a orquestra. O rastro de prata que a Lua cheia deixava na neve irá iluminar para sempre o seu caminho.
O poeta Fernando Pessoa, lá de Portugal, com o pseudônimo de Ricardo Reis, uma vez escreveu:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a Lua toda
Brilha, porque alta vive.

E assim como a Lua, você chegou enchendo o mundo de luz, nos tornando pessoas melhores, nos fazendo acreditar mais e mais na vida, apostando que o mundo tem jeito e passou a ser mais belo porque você está nele!

Com amor,

Sua mãe

Canção da Garoa

Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.

O relógio vai bater;
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.

E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...

Mario Quintana

O Dia Internacional da Mulher & A Chuva

Meu dia foi bom e verdadeiro, como um grande amigo me desejou!
Amém por isso!
Porque a temperatura subiu, ao invés de neve, tivemos chuva.
Comecei logo a reclamar – mas que mania essa da gente de reclamar do tempo, não é mesmo??? – porque a neve ia derreter, o cachorro ia patinar a minha cozinha, a lama ia agarrar no carro e ia ficar aquela gosma...
Fiz o que tinha que fazer, dei conta do que tinha que dar, Nicholas se rendeu ao sono – depois de muito brinquedo espalhado, de um pedaço de brownie que eu arrumei tempo pra fazer entre uma coisa e outra, depois de construirmos cidades enormes com blocos de madeira – eu subi com ele, contei mais uma vez a história do menino que brotava flores e deitei ao lado dele pra ficar de denguinho pra ele dormir. Quando apagamos a luz do abajur um relâmpago enorme acendeu a noite. Ele levantou, abriu a cortina e me perguntou o que era. Expliquei. Ele não teve medo, só estava mesmo curioso.
Enquanto ele me colocava pra dormir – ainda que a intenção inicial fosse o contrário – eu ouvia os pingos da chuva.
Ah, que barulhinho mais gostoso.
Tem um poema (Bandeira ou Quintana?) que fala de um anjo, de chuva... tem um barulhinho “pirulim” pra rimar com flautim que era a cara da chuva de hoje.
Barulho dela batendo no telhado, barulho da água batendo no chão já que além da chuva que caía tinha a neve que derretia nas calhas. Enfim...
Ficou aquela serenata.
Dormi.
Acordei assustada porque não tinha muita noção da hora.
Ainda era Hoje... Ainda era o nosso dia e por ele eu agradeci mais uma vez, me lembrando de pedir desculpas ao universo pela minha impaciência com a chuva. Na verdade a serenata era pra me embalar e eu não havia entendido.
Funcionou.
Ainda chove.
Todos dormem aqui em casa.
Só eu perambulo por aqui. Em compensação, só eu ainda aproveito do som da chuvinha pirulim!

Saturday, March 04, 2006

Saudades de casa

Sempre sinto saudades de casa. Muitas vezes sinto saudades do Rio. Quando vivia no Rio gostava do mar, mas não me importava com ele. Sinto saudades do mar.

Preciso, para

Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas.

Preciso que uma proa atravesse a carne
cá dentro
para andar sobre as águas
deitar nas ilhas e
olhar de longe esse prédio
essa sala
essa mulher sentada diante do computador
que bebe a branca luz eletrônica
e pensa no mar.

Marina Colasanti
Nicholas, brincando, me deu uma mordida de verdade.
Fiz uma cara feia e disse:
- Nem adianta dizer que foi sem querer porque eu sei que não foi. E nem adianta fazer essa cara porque eu sei que você sabe que isso não está certo.
Ele, sem piscar retrucou:
- Eu sei, mamãe. Eu mordi você de PROPÓSIMO!!!

Faz tanto tempo que eu não passo por aqui.
Os dias continuam tendo 24 horas, mas eu insisto em preenchê-las e quando eu faço isso eu sou boa em acabar com as poucas que sobravam pra eu me distrair um pouco com as minhas coisas.
Das horas que restam muitas acabam mesmo é me levando pra cama, porque eu – ainda que pense ser isso um grande desperdício – preciso dormir.
Aqui vai uma página nova do álbum de Scrapbook Digital do Nicholas. Chama-se Gift e ele continua sendo meu presente maior de todos os dias!